19 de fevereiro de 2010

Conceitos.

-Foge, foge para bem longe!
Ele só queria o seu bem, que ela encontrasse por algum tempo a liberdade que tanto queria.
-Se for, não volto.
Ele olhou para o seu rosto com remorsos, mas sorriu-lhe.
Sabia, ou pelo menos acreditava, que ela o amava o suficiente para não suportar tal distância.
Mas ela fugiu. Ela encontrou a liberdade. E não voltou.

Afinal, de que lhe valia ele? Ela não suportava aquela ideia de prisão.
E enquanto se afastava e o via cada vez mais pequeno e pequeno, recordava os tempos em que só ela existia, os seus tempos de loucura, os tempos sem regras, sem limites.
Por muito que o amasse, não abdicaria disso, não abdicaria dos seus pequenos e desprezíveis prazeres.
No fundo, não lhe valia de nada amá-lo e ser amada.


E ele, enquanto a via partir, sorria.
Até se aperceber de que ela realmente não voltava.
Afinal, a liberdade que ele lhe deu, também tinha sido ele a tirá-la.
Ele sempre sonhou com pequenas coisas, sem grandes ambições.
Mas um futuro para eles, algo humilde e simples, mas feliz.
Mas agora ela partiu, ela partiu e o sorriso, foi-se esmorecendo.


Nada nem ninguém os podia impedir do quer que fosse.
Eles alcançavam tudo e todos.
Eles podiam abraçar o Mundo inteiro.
Ela não foi culpada por ser insensível ou egoísta, nem ele por fazer demasiados planos ou pelo seu romantismo aliás, tudo os unia, à excepção de um pequeno pormenor:
o diferente conceito que tinham sobre amor.
Ana Rosa*

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