26 de maio de 2010

Sê tudo o que quiseres

Sofre para dares o teu melhor.
Grita, berra, exibe-te.
Faz tudo o que quiseres e puderes
Para lhes chamar a atenção.

Porque ninguém te vai ver.
Passarão por ti e continuarão a andar,
Sem nunca olhar para trás.
Não és nada.

Quebraste as tuas promessas.
Fizeste pouco das tuas palavras,
Fizeste pouco de ti própria.
Ignoraste o facto de o futuro ser em breve o presente.

Por isso, sê tudo o que tu quiseres
Tiveste tudo e eu, sem nada
Pude ensinar-te a perder.
Já não és nada senão invisível.

Destinada ao oculto,
Ou talvez apenas ao imaginário,
Não paro decidida a seguir.

Presa a palavras soltas,
Dedicada ao vazio,
Fiz-me a mim pelo plural.

É quase pecado. É quase dor. É quase crime.
Um pouco de tudo e um pouco de nada
Traduz-me assim.