Tal como todos os dias, este era igual. Chegara a casa, esgotada, sem uma réstia de energia que pudesse ter. Tudo o que eu queria era progredir, ser um pouco reconhecida…Mas nada conseguia. Era impossível conquistar algo, conquistar alguém. Provar o que sou ou o que quero ser. Desde pequenina que tinha este sonho e agora, em vez de se tornar realidade, é pior que um pesadelo.
Entrava no meu despretensioso apartamento, e ia directamente de encontro com a minha melhor companheira, a garrafa de whisky que tinha dentro do armário, ao lado de muitas outras. Não percebo porque o fazia, mas já era hábito.
Voltava a encher o copo, e retirava o meu vestido excessivamente justo, curto, decotado, de que já nada me valia. Já sem roupa, bebia e bebia, enquanto olhava através das janelas panorâmicas da sala para a cidade, enquanto as lágrimas corriam pela minha face e me via corroída pelo desespero e infelicidade profunda. Já não sabia que fazer, que rumo tomar. È aterradora a ideia de lutar tanto em vão. Sentia-me usada, vendida, suja. E de nada me valeu sentir-me assim.
Arranquei o lençol branco que tinha na minha cama e cobri o meu corpo nu apenas com ele. Enquanto subia escadas, levava a garrafa comigo, até chegar ao terraço. Olhava para a vista. Era incrível. As dezenas de edifícios, e sei lá quantos mais seguiam o rasto das intermináveis e indefinidas estradas. Bastava olhar, bastava olhar e perceber. Perceber que isto é tudo simplesmente, estranho e sem sentido! Gostava de descrever o que via, mas até escrevendo seria demasiado, simplesmente demasiado.
A certeza de que nada me prendia e a indiferença com que dava cada passo a seguir ao outro, fez-me tomar uma atitude e chegar ao limite. Subtilmente, aproximo-me do limiar do cimento do terraço. Olhava para baixo e absorvia aquela sensação única que sentia. Ansiedade, autonomia…Apenas vertigens? Talvez. Mas soube bem. Olhava em frente, para o infinito. Procurava um caminho. Um novo caminho. Mas começara a ficar hesitante…Mudava de direcção, ou parava por ali? Talvez a minha discrição deixasse de existir quando aquelas pequenas e banais pessoas intrometidas começaram a olhar lá de baixo o que queria eu fazer…Mas e sei lá eu o que queria fazer! Quem me dera a mim saber! De súbito, começaram a chegar ambulâncias e, como seria de prever, a curiosidade e o espanto dominavam as ruas. Sempre procurei emoções e movimentação e hoje, logo hoje que queria um pouco de paz e sossego, tinham que me aborrecer?!
Bem, só havia uma coisa a fazer: tomar uma decisão. Era um dilema sim, um verdadeiro dilema. O que é certo é que, qualquer que fosse a minha decisão, depois de esta, algo me identificaria: a coragem. Teria coragem para começar um novo caminho, sem saber obstáculos encontraria e se esse seria melhor que este? Ou teria coragem para reconhecer que o meu caminho houvera sido traçado e ficara por ali?
Entrava no meu despretensioso apartamento, e ia directamente de encontro com a minha melhor companheira, a garrafa de whisky que tinha dentro do armário, ao lado de muitas outras. Não percebo porque o fazia, mas já era hábito.
Voltava a encher o copo, e retirava o meu vestido excessivamente justo, curto, decotado, de que já nada me valia. Já sem roupa, bebia e bebia, enquanto olhava através das janelas panorâmicas da sala para a cidade, enquanto as lágrimas corriam pela minha face e me via corroída pelo desespero e infelicidade profunda. Já não sabia que fazer, que rumo tomar. È aterradora a ideia de lutar tanto em vão. Sentia-me usada, vendida, suja. E de nada me valeu sentir-me assim.
Arranquei o lençol branco que tinha na minha cama e cobri o meu corpo nu apenas com ele. Enquanto subia escadas, levava a garrafa comigo, até chegar ao terraço. Olhava para a vista. Era incrível. As dezenas de edifícios, e sei lá quantos mais seguiam o rasto das intermináveis e indefinidas estradas. Bastava olhar, bastava olhar e perceber. Perceber que isto é tudo simplesmente, estranho e sem sentido! Gostava de descrever o que via, mas até escrevendo seria demasiado, simplesmente demasiado.
A certeza de que nada me prendia e a indiferença com que dava cada passo a seguir ao outro, fez-me tomar uma atitude e chegar ao limite. Subtilmente, aproximo-me do limiar do cimento do terraço. Olhava para baixo e absorvia aquela sensação única que sentia. Ansiedade, autonomia…Apenas vertigens? Talvez. Mas soube bem. Olhava em frente, para o infinito. Procurava um caminho. Um novo caminho. Mas começara a ficar hesitante…Mudava de direcção, ou parava por ali? Talvez a minha discrição deixasse de existir quando aquelas pequenas e banais pessoas intrometidas começaram a olhar lá de baixo o que queria eu fazer…Mas e sei lá eu o que queria fazer! Quem me dera a mim saber! De súbito, começaram a chegar ambulâncias e, como seria de prever, a curiosidade e o espanto dominavam as ruas. Sempre procurei emoções e movimentação e hoje, logo hoje que queria um pouco de paz e sossego, tinham que me aborrecer?!
Bem, só havia uma coisa a fazer: tomar uma decisão. Era um dilema sim, um verdadeiro dilema. O que é certo é que, qualquer que fosse a minha decisão, depois de esta, algo me identificaria: a coragem. Teria coragem para começar um novo caminho, sem saber obstáculos encontraria e se esse seria melhor que este? Ou teria coragem para reconhecer que o meu caminho houvera sido traçado e ficara por ali?
Tomei a minha decisão.
Ontem foi assim, e o hoje o amanhã, já os esqueci.
Ana Rosa*